O que acontece quando você faz streams todos os dias durante um ano? Uma das estrelas em ascensão na Comunidade de Rocket League, Widow, está prestes a descobrir a resposta a essa pergunta. Talvez você já tenha a visto em seu canal na Twitch, onde ela transmite ao vivo todos os dias, ou talvez tenha a visto quando participou de uma stream recente do evento "Twitch Rivals". Ou talvez você tenha conferido a stream que ela apresentou no início deste ano na DreamHack. Parece até que a Widow está correndo a todo vapor com impulso ilimitado, e que seu tanque se mantém cheio por sua vontade e dedicação às streams.
Podemos afirmar que a maioria dos criadores de conteúdo dariam passos pequenos até chegar a esse nível de produtividade, mas Widow (que atende pelo apelido "MJ" quando não está ao vivo) saiu de uma situação em que não podia jogar video game direto para um cenário onde, agora, ela ganha a vida jogando em frente a milhares de espectadores. Enquanto frequentava o jardim de infância em seu estado natal, o Kentucky, ela foi diagnosticada com TDAH. Mesmo crescendo até aquele ponto com consoles como GameBoy e GameCube, seus pais acreditavam que, a partir daí, video games seriam apenas uma distração indesejável para ela, e, por isso, Widow acabou só voltando a jogá-los quando já estava na faculdade.
"Comecei a jogar no Xbox de novo quase que religiosamente", conta Widow. "Eu jogava títulos que hoje nem jogo mais sempre que tinha a oportunidade. Na época, todo mundo jogava jogos de tiro como Call of Duty, então era esse tipo de coisa que eu jogava durante a faculdade".
Naquela época, Widow seguiu o que chama de "o caminho seguro", entrando em uma faculdade em sua cidade natal e estudando marketing enquanto pensava no que faria profissionalmente. Ela percorreu esse caminho por dois anos até largar a faculdade de repente e fazer as malas para viajar rumo a Los Angeles.
"Eu me mudei para Los Angeles porque queria atuar e escrever, mas não consegui oportunidades para fazer nenhum dos dois e, de repente, precisava ganhar dinheiro suficiente para me sustentar em LA", ri Widow. "Comecei a trabalhar com marketing e redes sociais para algumas empresas startups. Elas estavam procurando por alguém com pouca experiência que soubesse usar as redes. Uma coisa acabou levando à outra e eu comecei a trabalhar no ramo de marketing".
Seus trabalhos na área a levaram mundo afora, indo de Los Angeles para Londres, Manchester, Nova York e, depois, de volta para Los Angeles. Widow estava sempre em movimento e continuou trilhando esse caminho por seis anos, mas diz que nunca ficou satisfeita com ele. Durante esse tempo, ela encontrou nos video games uma maneira de extravasar.
"Eu estava muito estressada com o trabalho, então eu sempre jogava quando chegava em casa", diz Widow. "Eu jogava títulos como Injustice e Mortal Kombat. Um dos meus amigos também me apresentou ao Fortnite. Eu estava começando a me interessar por streams e uma das minhas colegas de quarto fazia algumas aqui e ali. Então, como eu já estava passando o tempo jogando jogos, uma noite eu decidi tentar fazer uma stream".
A estrutura inicial de streams da Widow era bem modesta: um Xbox One e uma cadeira dobrável, sem nenhum microfone ou câmera. Ela baixou o aplicativo da Twitch e entrou ao vivo pela primeira vez no dia 7 de dezembro de 2018. Seu nome original era "Black Widow" ("Viúva Negra", uma homenagem à sua paixão pela Marvel). Foi aí que começou seu processo de aprendizado para descobrir como fazer streams de verdade.
"Lembro que uma pessoa entrou e perguntou se eu era nova naquilo. E foi aí que percebi que eu não tinha como me comunicar com o pessoal", comenta ela. "Eu tinha que usar meu celular para entrar no meu chat e falar com as pessoas. Mas, fazendo isso, eu acabava esquecendo que tinha que jogar o jogo. Foi essa pessoa que entrou na minha stream que me fez mergulhar de vez nessa obsessão para tornar minha stream melhor. Eu queria fazer tudo o que fosse possível para continuar melhorando. Eu queria falar com o público e garantir que eles se divertissem e quisessem voltar depois".
Depois disso, sua estrutura de stream foi crescendo junto com seu amor pelas transmissões ao vivo. Ela incorporou um Kinect como câmera e um headset para poder conversar com os espectadores – tudo isso enquanto ainda trabalhava com seu emprego na área de marketing. A agenda de Widow vivia cheia. Ela trabalhava o dia inteiro, voltava para casa, se preparava para fazer suas streams e ficava ao vivo das 22h às 4h, repetindo todo o processo no dia seguinte. E foi logo quando Widow estava pegando gosto pela vida de streaming que ela se viu em uma encruzilhada.
"Eu estava me preparando para voltar para casa no Natal quando o pessoal do meu emprego disse que eu teria que ficar", explica a streamer. "Eu estava trabalhando para um startup com sede na Tailândia e, na manhã do ano novo, eles enviaram uma mensagem para todos os funcionários dizendo que iriam fechar tudo, e que todos estavam demitidos. Então lá estava eu em Los Angeles, sem emprego, mas começando a fazer streams. Foi aí que eu pensei 'por que eu não faço isso integralmente?'".
Sem mais responsabilidades das 9h às 17h, Widow passou a se dedicar totalmente à sua stream. Ela começou a aprender mais detalhes sobre a comunidade de streaming através de vários acertos, erros e comunidades no Discord. Como havia acabado de perder o emprego, ela tinha que ter mais cuidado com seus gastos, então alugou um PC gamer para tentar alavancar sua carreira de streaming. Widow começou a fazer streams de 10 a 14 horas por dia e se afiliou à Twitch apenas duas semanas depois do início dessa jornada. Seu canal estava crescendo, mas a passos curtos, e ela estava atrás de um novo jogo para transmitir ao vivo. E foi aí que Widow descobriu o Rocket League. Alguém de um dos servidores do Discord que ela participava tinha começado a fazer streaming do jogo.
"Eu abri a stream e achei que o jogo era a coisa mais estúpida que eu já tinha visto na vida", Widow comenta entre risadas. "Meu primeiro contato com Rocket League foi com o modo Rumble. Tinham fortalecimentos indo pra todo lado e nada fazia sentido. Fiquei super confusa, mas muito interessada. Quando parei de assistir, não consegui parar de pensar no jogo e como o pessoal estava se divertindo com ele. Foi então que eu decidi começar a fazer streams desse jogo no dia seguinte."
Widow diz que Rocket League foi o que fez seu canal começar a criar uma verdadeira comunidade. Como todos os novatos, a streamer era bem ruim no jogo, mas seus espectadores estavam lá para ajudá-la.
"Eu escrevi 'First Time Playing Rocket League' (Minha primeira vez jogando Rocket League) no título da minha stream, indicando que era minha primeira vez jogando, e muita gente começou a acompanhar e me dar dicas. Acho que eu joguei todas as partidas de colocação dos vários modos competitivos em dois dias. Eu queria poder jogar junto com as pessoas e queria que meus espectadores estivessem bem envolvidos na stream. Foi a melhor sensação que eu já senti e isso era exatamente o que eu estava procurando".
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A partir daí, Widow tinha do seu lado o jogo ideal e sua nova obsessão pelas streams. Quando essas duas forças se uniram, ela começou a aumentar seu nível de produtividade a novos patamares. A streamer começou a ganhar reputação dentro da comunidade de Rocket League como alguém que fazia streams do jogo literalmente todos os dias. Isso eventualmente evoluiu para outros desafios, como totalizar 100 horas de transmissões ao vivo por semana. Hoje, enquanto escrevemos este artigo do Community Spotlight, faltam apenas 45 dias para que Widow se torne a primeira streamer mulher de Rocket League a fazer transmissões ao vivo todos os dias por um ano inteiro, um desafio que vem acompanhado de vários obstáculos, como tentar fazer streams quando a internet cai, no meio de uma mudança para outro estado e ao mesmo tempo em que se enfrenta a exaustão.
Widow fez streams de sua vida normal no lugar das sessões de Rocket League durante sua mudança para Austin, onde ela mora atualmente em uma casa de streamers com outros criadores de conteúdo, incluindo seu namorado (que também é criador de conteúdo de Rocket League), Ranny, e seus dois cachorros, Rocket e Sora. Ela até fez uma stream no mesmo dia em que teve que fazer uma cirurgia. A streamer diz que os pontos positivos desses desafios sempre acabam sobrepondo os negativos.
"Eu sempre acabo atingindo um certo nível de exaustão. Fico cansada e fatigada, e pode ter certeza de que eu não queria fazer streams depois da minha cirurgia", admite Widow. "Mas todos os passos que dei até agora valeram toda a exaustão que eu senti. Eu vou ser a primeira streamer mulher de Rocket League a fazer o desafio de um ano, enquanto o Ranny foi o primeiro streamer homem a completá-lo. Eu saltei de um total de 12.000 seguidores para 28.000 e atingi a marca de 2.000 inscritos pela primeira vez. Eu me tornei criadora de conteúdo para a Spacestation Gaming. Tanta coisa aconteceu, e tudo foi graças ao Rocket League".
Além do crescimento de seu canal e dos desafios que enfrentou, Widow encontrou uma nova motivação para fazer suas streams: crescimento pessoal. Ela diz que as várias horas que passa em frente à câmera têm um grande impacto em suas habilidades de socialização.
"Ao fazer streams, eu ganhei a confiança que nunca tive antes", afirma ela. "Eu não tinha amigos no ensino médio, nem era uma pessoa muito social. Estou me acostumando aos poucos a ficar mais confortável em situações mais sociais, mas o contraste entre a forma como lido com pessoas ao meu redor antes das streams e depois delas é nítido. As streams me deixaram mais confortável na hora de conversar com pessoas".
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Uma streamer em ascensão que está acabando com objetivos ridículos de conteúdo e crescendo a nível pessoal enquanto alcança todas essas conquistas, Widow nunca mais voltou a pensar em sua vida profissional anterior. Ela abraçou de vez sua nova vida como uma criadora de conteúdo de Rocket League. O conselho que ela dá a outras pessoas para que possam imitar seu sucesso é não imitá-la. Em vez disso, Widow diz que todos precisam encontrar suas próprias paixões na hora de fazer streams.
"O maior conselho que posso dar a qualquer um é: não se compare a outros streamers. Você vai sempre se desapontar. Eles vão ter streams melhores do que você, ou você vai passar por dias ruins. Seja você mesmo, encontre a sua identidade no mundo das streams e comece a partir daí. Fazer streams é algo que eu acredito que qualquer pessoa no mundo possa fazer. Eu digo isso como uma pessoa que tinha 26 anos quando começou, que trabalhava na área de marketing e que não tinha uma única pessoa que dizia que achava que eu seria uma boa streamer. Eu só tentei e acabei amando esse meio. Se você de ser bem, vai com tudo".
O sucesso de Widow veio através de seu trabalho duro e dedicação, mas ela atribui suas conquistas à comunidade de Rocket League. "Quero agradecer a comunidade de Rocket League por ter mudado a minha vida. Foi aqui que conheci meus melhores amigos, meu namorado, minha organização e até eu mesma. Todo o sucesso que tenho é graças a esse jogo e à sua comunidade".
Você pode acompanhar a Widow em sua jornada para completar o desafio de um ano em seu canal da Twitch e assistir a vídeos dela em seu canal no YouTube.